Funcionário baleado por homem que decapitou zelador em hospital recebe alta: 'Foi um livramento que eu tive'

Por Leonardo Igor de Sousa, g1 CE 28/04/2024 - 08:52 hs
Foto: Reprodução
Funcionário baleado por homem que decapitou zelador em hospital recebe alta: 'Foi um livramento que eu tive'
Hospital IJF é referência no atendimento a vítimas de trauma no Ceará

Carlos Sérgio Matos de Queiroz, funcionário baleado no Hospital Instituto Dr. José Frota (IJF), em Fortaleza, recebeu alta neste sábado (27) após quatro dias internado na unidade de saúde. Carlos Sérgio foi ferido na terça-feira (23) durante o ataque de Francisco Aurélio Rodrigues de Lima, ex-funcionário do hospital, contra o zelador Francisco Mizael Souza da Silva, que foi baleado e decapitado. O crime teria sido motivado por ciúmes.

g1 conversou com Carlos Sérgio, de 63 anos, que trabalha no IJF há 41 anos e atualmente é funcionário do refeitório. Ele havia iniciado o expediente às 7 horas da manhã e, no momento do crime, estava em um corredor, na área de nutrição do hospital, indo entregar café a outro setor.

"Quando eu vi, o zelador passou por mim e o atirador [Francisco Aurélio] vinha atrás de mim", recorda. De acordo com Carlos Sérgio, o atirador estava correndo atrás da vítima e disparando. Foi aí que uma bala atingiu Carlos no braço direito. "Eu tava com uma garrafa de café na mão, senti que a garrafa caiu da minha mão sem eu querer. Quando eu passei a mão que vi sangue, não tinha outra opção, eu fui logo pedir socorro".

Segundo Carlos, Francisco Aurélio não tentou atirar novamente contra ele, e continuou a perseguir Mizael até a cozinha, onde ele seria decapitado logo depois. Já Carlos foi direto para o centro cirúrgico da unidade em busca de ajuda. O funcionário baleado foi operado na noite do dia 23 e foi necessário retirar uma artéria da perna dele para reparar a lesão no braço. Ele ficou internado até este sábado (27).

"Foi um livramento que eu tive. Não só eu, considero que todos os funcionários [tiveram um livramento] porque podia ter sido com qualquer um do jeito que foi comigo, podia ter sido num médico, em qualquer pessoa. E em mais pessoas", desabafa.

Francisco Aurélio foi preso no mesmo dia no município de Aquiraz, vizinho a Fortaleza. Ele teve a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva na quarta-feira (24). Já o zelador Mizael Souza foi sepultado também na quarta-feira em Pacatuba, na região metropolitana de Fortaleza. Ele deixou uma filha de seis anos e a esposa grávida. Ele era funcionário do IJF há dez anos.

O IJF, onde o crime ocorreu, é uma das principais unidades de saúde de Fortaleza, referência no atendimento às vítimas de traumas de alta complexidade, lesões vasculares graves e queimaduras. O hospital é gerido pela Prefeitura de Fortaleza.


Carlos Sérgio só soube detalhes do crime, do autor e da possível motivação após a cirurgia. "Uma tragédia, covardia. Tenho nem palavras para expressar sobre isso porque nunca passava pela minha mente que isso ia acontecer onde eu trabalho há 40 anos", conta.

Nos dias em que ficou internado, contou que o clima no hospital era "negativo, desagradável". "O pessoal ficou em pânico. Foi trabalhar porque afinal de contas precisava trabalhar", afirma.


Ex-funcionário foi visto das dependências da unidade antes de matar funcionário no Hospital IJF, em Fortaleza - Reprodução

O funcionário diz lembrar tanto de Francisco Aurélio quanto de Mizael, mas conta que "não sabia que eles dois tinham briga". Sobre o atirador, afirma que "particularmente achava ele uma pessoa normal, nunca vi nenhum atrito, se teve não foi na minha presença".

Agora que recebeu alta, Carlos Sérgio vai precisar realizar fisioterapia para recuperar por completo o movimento dos dedos da mão do braço atingido, que teve a mobilidade afetada porque a bala afetou um nervo.

"Eu tô me recuperando e meu esforço é voltar a trabalhar daqui, estourando, a dois meses. Eu pretendo ir [pro trabalho], mas com mais cautela, com mais segurança e pedindo mais norma na entrada e saída de funcionários e pessoas estranhas", afirma.


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